quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ano bissexto


Uma das razões da fama do fim do mundo que o ano de 2012 carrega vem do fato dele ser bissexto. Chama-se ano bissexto o ano ao qual é acrescentado um dia extra (ou dia intercalar), ficando ele com 366 dias. Isto ocorre a cada quatro anos com o objetivo de manter o calendário anual ajustado a partir da translação da Terra.

A Terra demora aproximadamente 365,2422 dias solares (1 ano trópico) para dar uma volta completa ao redor do Sol, enquanto o ano-calendário convencionado tem 365 dias solares. Portanto, sobram 0,2422 dia (aproximadamente 6h) a cada ano trópico. As horas excedentes são somadas e adicionadas ao calendário na forma inteira de um dia (4 x 6h = 1 dia).

Os egípcios foram os primeiros a calcular a necessidade de um ano bissexto, mas a prática não chegou à Europa até o reinado do imperador romano Júlio César. Antes disso, o calendário romano operava um modelo lunar confuso que regularmente exigia a adição de um mês a mais para manter a consistência celestial. Finalmente, em 46 a.C., César e o astrônomo Sosigenes renovaram o calendário romano para 12 meses e 365 dias. O Calendário Juliano (45 a.C a 7 d.C.) também foi responsável pelo ano solar ligeiramente mais longo, adicionando um dia bissexto a cada três anos, após o 25º dia de Februarius. No Calendário Augustiano (8 a 1581 d.C., em nome do imperador César Augusto), correções foram feitas e o dia extra passou a ser a cada 4 anos após o 24º dia de Februarius.

O modelo romano ainda deixava um excedente anual de aproximadamente 11 minutos. Essa discrepância diminuta significava que o calendário se desviava em um dia a cada 128 anos e, no século XIV, já havia perdido 10 dias do ano solar. Para corrigir a falha, o Papa Gregório XIII instituiu o Calendário Gregoriano, revisado em 1582 para corrigir os atrasos através dos equinócios (dia e noite iguais) e estabelecer o dia extra fixo no mês de fevereiro, sendo seu 29º dia. Nesse modelo, os anos bissextos ocorrem a cada quatro anos, exceto anos uniformemente divisíveis por 100 e não por 400 (por exemplo, o ano de 1900 não foi bissexto porque era divisível por 100, mas não por 400). Este é o calendário em uso até hoje, mas ainda não é perfeito: os especialistas acreditam que as discrepâncias restantes precisarão ser resolvidas em cerca de 10.000 anos.

Cartão postal (1908)
CARREGADO DE SUPERSTIÇÕES
Para muitos, um ano bissexto é sinônimo de azar, tanto quanto uma sexta-feira 13. Uma tradução errada do termo em latim bis sextum (repetição do sexto dia), usado para se referir ao dia extra, gerou a ideia de "dois sexos". E, consequentemente, algumas lendas...

Na Irlanda, por volta do século V, Santa Brígida teria feito uma reclamação em alto e bom tom a São Patrício, questionando ao padroeiro irlandês porque as mulheres tinham que esperar tanto por um pedido de casamento. São Patrício sensibilizado "criou" a tradição para que, em todo ano bissexto, as mulheres (e não os homens como de costume) tinham o direito de escolher quem desejassem para marido!

Esse leap year chegou a ser oficializado pela Rainha Margareth da Escócia em 1288, declarando inclusive que se o escolhido não concordasse com o casamento, era obrigado a pagar uma multa de respeito ou presenteá-la com um belo e caro presente!

Cartão postal (1908)
Cartão postal (1908)
Mas alguns preferem afastar as crendices de azar e dizer que o dia 29 de fevereiro é o Dia do Sim, ou seja, toda oportunidade que surgir neste dia deve ser recebida de forma positiva sem pensar nas consequências. Na numerologia, por exemplo, o dia 29 é número 11 e, portanto, especial. É um número associado ao planeta Urano, que rege a amizade, a modernidade, a coletividade e a criatividade. Os nascidos neste dia costumam ser idealistas e visionários.

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