quarta-feira, 15 de maio de 2013

A mitologia inuíte

Esquimós são povos indígenas que habitam tradicionalmente as regiões em torno do Círculo Polar Ártico, no extremo norte da Terra, como como o leste da Sibéria, o norte do Alasca e do Canadá e a Groenlândia. Os povos do Ártico canadense são conhecidos pelo nome Inuit, que significa "povo".


O Ártico é um mundo inóspito de ventos muito frios, coberto de gelo e neve, onde a agricultura é impossível e a caça e a pesca constituem as fontes tradicionais de alimento. Por milhares de anos, os Inuítes observaram atentamente o clima, as paisagens terrestres e marítimas, e os sistemas ecológicos de um dos ambientes mais inóspitos e exigentes do planeta para desenvolver habilidades e tecnologias peculiares e adaptadas.


A mitologia inuíte também sofre grandes influências desse meio ambiente árido, onde as pessoas dependem dos animais para vestuário, ferramentas, abrigo e alimentação. Por isso, os animais desempenham um papel-chave nos mitos, seja como ajudantes da humanidade ou presas pelas quais o caçador deve mostrar o maior respeito. O mundo marinho também é importantíssimo. Mas o cosmos inuíte não é governado por ninguém. Não há uma figura divina, seja maternal ou paternal. Não há deuses criadores do vento ou do Sol. Não há punição eterna na vida futura, assim como não há punição para crianças ou adultos na vida presente.

Eles acreditam que quase tudo tem uma alma (inua). Animais, rochas, árvores e rios tem inua, assim como acidentes geográficos perigosos, como as geleiras. A inua é em geral retratada com uma face humana num olho, dorso ou peito de animal. Os viajantes cuidadosos faziam oferendas de carne a elas. Acreditando que todos as coisas tem uma alma, matar um animal não é muito diferente de matar uma pessoa. Uma vez que a alma do animal ou humano é liberada, ela está livre para se vingar. Os espíritos dos mortos só podem ser aplacados pela obediência aos costumes, evitando os tabus e executando os rituais apropriados.


Embora a alma de cada indivíduo fosse única e apropriada para a vida e corpo que ela habitava era, ao mesmo tempo, parte do todo. Isto permitia aos inuítes emprestar os poderes ou características de uma alma pelo uso de seu nome. Além disso, os espíritos de uma classe de coisas (os mamíferos marítimos, ou ursos polares, ou plantas) eram, de alguma maneira, considerados como o mesmo, e podiam ser invocados através de um guardador ou mestre que estava em contato com aquela classe de coisas. E, assim como os sacerdotes das outras religiões norte-americanas, os xamãs inuítes (angakuq) eram as únicas pessoas com algum contato com o mundo espiritual. Em suas cerimônias, tentavam influenciar os espíritos para que ajudassem a curar os doentes e propiciassem boas caçadas e pescarias. É dito que os primeiros xamãs foram Ivivarshuk e Nisguvaushaq.

Muitas comunidades inuítes continuam a praticar as danças e canções tradicionais, que incluem dança de tambores e canto gutural feminino. A tradição oral e a narração de histórias ainda permanecem bem vivas na cultura inuíte, com lendas passadas entre as gerações ao longo dos séculos, que freqüentemente falam de espíritos poderosos que habitam a terra e o mar.

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