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sábado, 11 de março de 2017

Purim


Os judeus estavam exilados na Babilônia, desde a destruição do Templo de Salomão pelos babilônios e da dispersão do Reino de Judá. A Babilônia, por sua vez, foi conquistada pela Pérsia.

O rei da Pérsia do século 4 – provavelmente Xerxes nos livros de história, ou Assuero (Acháshverosh, em hebraico) na Bíblia – mandou executar a desobediente Rainha Vashti. A fim de preencher o posto de rainha, Assuero fez um concurso de beleza cuja vencedora foi Ester, uma bela jovem judia. Aconselhada por seu primo (ou tio) Mordechai, Ester decidiu esconder sua identidade judaica do novo esposo e, assim, se tornou a Rainha da Pérsia.

Hamán – o perverso e egomaníaco conselheiro do rei – criou uma lei pela qual todas as pessoas deveriam se curvar diante dele. Entretanto, Mordechai recusou-se a cumpri-la, uma vez que um judeu só pode se curvar perante Deus. Hamán ficou tão enfurecido que baixou o seguinte decreto: todos os judeus, homens, mulheres e crianças, seriam mortos em um dia que ele escolheria. Supersticioso, fez um sorteio (“purim” em persa) para saber qual dia seria.

Hamán ficou muito feliz quando o resultado do sorteio saiu dia 13 no mês de Adár (entre fevereiro e março). Ele sabia que Moisés morrera nesse mês e isso seria um bom presságio para ele. O que ele não sabia era que, na tradição judaica, os grandes homens morrem em seus aniversários, pois todos os dias de suas vidas são plenos e completos. Moisés nasceu e morreu em Adár, que, dessa forma, era visto como um período abençoado.

A Meguilát Ester ou, simplesmente, Meguilá (“rolo”, em hebraico) é o livro bíblico que narra a história de Ester e os acontecimentos de Purim. Nele ficamos sabendo que a ameaça de Hamán caiu por terra quando Ester revelou sua identidade ao esposo em um jantar. Através de uma série de notáveis “coincidências”, o rei chegou a conclusão que Mordechai era digno de honra e que Hamán deveria ser executado. E, quando Assuero descobriu que Hamán construíra uma forca para Mordechai, ordenou que o conspirador fosse enforcado nela. Mordechai se tornou o novo conselheiro do rei e baixou um decreto que permitia os judeus de se defenderem de seus inimigos.

Os judeus consideram o Purim um milagre da vitória dos justos contra os ímpios, comemorado no dia 14 de Adár, dia seguinte do evento narrado no Livro de Ester. Nada de sobrenatural aconteceu e nem mesmo o nome de Deus é citado no livro, mas acredita-se que Suas ações estavam por trás dos acontecimentos. As coincidências da história, contra todas as possibilidades, provam que se tratava de um jogo de moralidade dirigido por Deus. Purim seria, então, um registro dos milagres ocultos que acontecem o tempo todo e dos quais não nos damos conta. Por exemplo, a sorte seria um resultado predestinado por Deus. Algumas pessoas chamam de sincronicidade.

Em Purim, as pessoas costumam vestir máscaras e fantasias, representando o ato de Ester esconder sua identidade ao rei. O nome Ester significa “oculto” em hebraico, nome apropriado não só para o seu ato, mas também pelas ações de Deus. Também distribuem comida e dinheiro aos pobres.

Um famoso doce triangular chamado "Orelha de Hamán" (oznei haman) é feito na data recheado de uva preta, geleia, doce de frutas ou sementes de papoula. A origem do nome vem do costume antigo de cortar a orelha de quem ia ser enforcado e como esse foi o destino do vizir, apelidou-se a iguaria por esse nome. Outra denominação do biscoito é Hamantaschen, a palavra ídiche para “bolsos de Hamán”, já que as sementes de papoula representariam o suborno que o maldoso conselheiro do rei cobrava. Para os poloneses, o biscoito se chama Pirichkes. O formato triangular da iguaria também tem várias versões: para alguns representa o chapéu de três pontas de Hamán e para outros a força dos três fundadores do judaísmo: Abraão, Isaac e Jacó.