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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Oiá / Iansã

Ilustração de Carybé
Na mitologia nigeriana Yorubá, o nome Oiá (Oyá) provém do rio de mesmo nome – atualmente chamado de rio Níger –, onde seu culto é realizado. Filha de Aganju e Iemanjá, é tanto uma divindade das águas como sua mãe e Oxum, quanto do ar, sendo uma das que controla os ventos.

Assim como a deusa Obá, Oiá também está relacionada ao culto dos mortos, onde recebeu de Xangô a incumbência de guiá-los a um dos nove céus de acordo com suas ações, para assumir tal cargo recebeu do feiticeiro Oxóssi uma espécie de erukê* especial chamado de Eruexim, com o qual estaria protegida dos eguns (maus espíritos).

O nome Iansã (Inhansã) trata-se de um título que Oiá recebeu de Xangô, seu marido. Faz referência ao entardecer, "a mãe do céu rosado" ou "a mãe do entardecer". Era como ele a chamava, pois dizia que ela era radiante como o entardecer. Costuma ser reverenciada antes de Xangô, como o vento personificado que precede a tempestade. Na saudação, pedem clemência para que ela apazigue o deus das tempestades. Entre os orixás femininos é uma das mais imponentes e guerreiras, sendo associada à forte sensualidade.

Os devotos costumam lhe oferecer sua comida favorita, o àkàrà (acarajé), ekuru e abará. No candomblé as cores utilizadas para representá-la são o rosa e o marrom. No Brasil, foi sincretizada à Santa Bárbara e sua comemoração é no dia 4 de dezembro. Já na Santeria cubana, está associada à imagens de Nossa Senhora da Candelária, Nossa Senhora da Anunciação e Santa Teresa.

* Apetrechos da cultura afro-brasileira confeccionados com cauda de boi, de búfalo ou de cavalo, com as finalidades de afastar os maus espíritos, eliminar as adversidades da comunidade e atrair a fartura e prosperidade. Na África, nobres os usam como símbolos de status e para espantar moscas.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Festa Junina


Todo mês de junho, há uma data em que o dia e a noite têm a maior diferença de duração: o solstício. No Hemisfério Norte, é o mais longo dia de todo o ano, período da colheita na Europa e, até mais ou menos o século X, com os últimos pagãos se convertendo, as populações dos campos comemoravam a data e faziam sacrifícios para afastar demônios e pragas. Como a agricultura é associada à fertilidade, cada região celebrava seu casal de deuses específico: no Egito, os votos eram para Ísis e Osíris; na Grécia, havia a festa de Cronus, o patrono da agricultura, ou, apenas para as mulheres, Adônis e Afrodite, quando elas faziam plantações rituais e caíam na farra; outro relembrado era Prometeu, o criador da humanidade que trouxe o fogo.

A Igreja Católica considerava essas festas como meros rituais pagãos, então, resolveu adaptá-las. No século XIII, três santos passaram a ser homenageados no mês de junho: Santo Antônio (dia 13), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29). Como ninguém sabe quando João Batista nasceu realmente, foi escolhido o dia 24 pela conveniência de sobrescrever os rituais pagãos mais próximos do solstício, e veio a calhar de ser exatos seis meses antes do Natal. São João passou a ser celebrado com fogueiras em quase todo o mundo cristão e as festas juninas nasceram.

Três séculos depois, já nos anos 1500, os portugueses chegaram ao Brasil e, junto com eles, suas tradições (o primeiro registro de festa comemorativa a São João data de 1583, em São Paulo, feito pelo jesuíta Fernão Cardim). As comemorações por aqui também foram adaptadas porque junho é inverno e exatamente o oposto: o dia do solstício é o mais curto do ano. As roupas de caipira são representações de agricultores, de pessoas que vivem da terra. O milho, muito utilizado pelos indígenas, tinha sua época de colheita em junho e, assim, se tornou a base do cardápio das festas. No século XIX, os imigrantes trouxeram outras especialidades para o clima frio como, os tradicionais vinho quente, pinhão e espetos de churrasco, “exportados” para o Norte do país.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Papa-Capim

Papa-Capim é o simpático curumim criado por Maurício de Souza em setembro de 1963. Inspirado pelos nativos pataxós, que habitam o sul da Bahia, sua primeira aparição foi numa tira vertical publicada na Folha de São Paulo. O nome do personagem é uma homenagem ao papa-capim-capuchinho, uma ave sulamericana.

O famoso curumim e a ave homenageada.

Em 2016 saiu uma graphic novel do personagem. Nela o personagem é redesenhado junto com sua aldeia, seus amigos, sua tribo e a floresta. Sai a comédia e entra o terror! A cultura e a mitologia "indígena" brasileira foram estudadas, tanto que Cobra Honorato tem participação importante. Vale a pena conferir e ainda ler um pedacinho da quarta parte do poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias:
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

sábado, 19 de março de 2016

Ossanha protege o Jardim Botânico do Rio

No meio da cidade do Rio de Janeiro tem um paraíso chamado Jardim Botânico. E ele é protegido por Ossanha, orixá do verde, belamente representado nessa estátua em resina de 5 metros de altura do artista plástico baiano Tatti Moreno (2004).

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O Boto

boto cor de rosa

Muita gente conta que viu. Algumas mulheres dizem até que dançaram com ele. A verdade é que todas suspiram quando falam seu nome. É o Boto, o mito encantador que adora a noite e as festas à beira dos rios da Amazônia. Durante o dia, é um mamífero aquático. Às primeiras horas da noite, ele sai da água e se transforma em um rapaz forte e bonito, vestido de branco e um chapéu que nunca tira para não mostrar o orifício por onde respira, no alto da cabeça.

Em seguida, o Boto parte para conquistar o coração de alguma mulher. Não é difícil: ele é simpático, grande dançarino, muito alegre e brincalhão. Tem uma conversa boa que rola como o próprio rio. Depois de dançar e se divertir muito, o Boto vai namorar na beira do rio. Quando chega a madrugada, ele se despede da companheira, pula na água e volta ser um animal. Com muitas dessas namoradas ele tem filhos, mas nunca se interessou por eles. Só quer saber de continuar indo a festas, dançando e conquistando outros corações pelas noites da Amazônia.

Para quem quer conquistar o coração de alguém, nada melhor que um amuleto da sorte feito de olho de Boto seco e preparado por um pajé de alguma tribo amazônica.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mula sem Cabeça

Lenda com raízes no Brasil colonial, a Mula sem Cabeça é a concubina do padre, que para purgar seu pecado transforma-se em animal na noite de quinta para sexta. Lança chispas de fogo e assombra com seu galope violento e seus relinchos sobrenaturais.

domingo, 19 de abril de 2015

Todo dia ERA dia de índio


Curumim chama cunhatã que eu vou contar (2x)
Todo dia era dia de índio (2x)
Curumim, Cunhatã / Cunhatã, Curumim

Antes que o homem aqui chegasse às terras brasileiras / Eram habitadas e amadas por mais de três milhões de índios / Proprietários felizes da Terra Brasilis
Pois todo dia era dia de índio (2x)
Mas agora eles só tem o dia 19 de abril (2x)

Amantes da natureza eles são incapazes com certeza / De maltratar uma fêmea ou de poluir o rio e o mar / Preservando o equilíbrio ecológico da terra, fauna e flora
Pois, em sua glória, o índio / É o exemplo puro e perfeito / Próximo da harmonia, da fraternidade e da alegria / Da alegria de viver! (2x)

E, no entanto, hoje / O seu canto triste / É o lamento de uma raça que já foi muito feliz
Pois antigamente todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio

Em 1981, em seu álbum Canceriana Telúrica, Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil) já cantava as mazelas dos verdadeiros brasileiros. 40 anos depois a situação só piorou. Que nossas origens sejam lembradas sempre.

domingo, 31 de agosto de 2014

Juro que vi!

“Essa história aconteceu numa noite de lua cheia. Uns diz que é superstição, coisa da roça, mas otros diz que não, que isso aconteceu. Quem teve lá me contou essa história assim. E disse: ‘Juro que vi!’“
É assim, como se estivéssemos ouvindo uma história à beira da fogueira, que começa o primeiro vídeo da série Juro que vi, sobre o Curupira. Ao todo são cinco curtas de animação, produzidos pela MultiRio – empresa de multimeios do Rio de Janeiro ligada à Secretaria Municipal de Educação – entre 2003 e 2009, que contam a história de personagens icônicos do folclore brasileiro. Além de retratar as lendas nacionais, os vídeos também mostram uma preocupação com toda a parte ambiental, de preservação da fauna e flora, além de questões relativas a cidadania.

O CURUPIRA


O BOTO


O SACI


O MATINTA PEREIRA


A IARA


Excelentes vídeos para a garotada!

sábado, 23 de agosto de 2014

Curupira

Ilustração de Rafamarc
O Curupira é uma entidade protetora das árvores e da caça, senhor dos animais que habitam a floresta. Antes das grandes tempestades percorre a floresta batendo nos troncos das árvores certificando-se de sua resistência e avisando aos animais para se abrigarem. Assemelha-se em suas atribuições à Diana dos romanos e à Ártemis dos gregos, protetoras dos bosques e da caça, inclusive fazendo parte do cortejo lunar ao lado do Saci, do Boitatá e do Uratau.

Seu nome vem do tupi curu, menino e pira, corpo: corpo de menino. É mais conhecido por esse nome na Amazônia, no Maranhão e no Sudeste do Brasil, exceto Espírito Santo. Entidades semelhantes são conhecidas como Caapora ou Caipora, no Nordeste do Brasil e Espírito Santo; Kilaino, no Mato Grosso; Maguare, na Venezuela; Selvaje, na Colômbia; Chudiachaque, no Peru; e Kaná, na Bolívia. Também guarda semelhanças com o mito eslavo do Leshy.

Gravura de Ernst Zeuner, 1963.
Entre os mitos brasileiros, o Curupira é incontestavelmente o mais antigo, possivelmente legado pela população primitiva que habitou o Brasil no período pré-colombiano e que descendia dos invasores asiáticos, tendo passado dos Nauas aos Caraíbas e destes aos Tupis e Guaranis. A mais antiga menção de seu nome foi feita pelo padre José de Anchieta, quando ele escreveu sobre os medos "indígenas", em carta de 30 de maio de 1560:
"É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios que os brasis chamam de Curupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhe de açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhas disto os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume das mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras coisas semelhantes, como uma espécie de oblação, rogando fervorosamente aos Curupiras que não lhes façam mal."

Por ser um mito difundido pelo Brasil inteiro e por parte da América do Sul, suas características físicas variam bastante. Porém, é comumente representado como um moleque (ou um anão) de cabeleira ruiva (vermelha ou alaranjada), orelhas pontudas, dentes verdes, pés invertidos: dedos para trás e calcanhar para frente. Às vezes, sua pele também é descrita como esverdeada e seu cabelo como fogo. Em alguns casos, é calvo, em outros, tem um casco de jabuti. Em algumas regiões do Norte brasileiro, o Curupira não possui órgãos sexuais e possui dentes azulados.


O Curupira gosta de sentar na sombra das mangueiras para comer os frutos. Lá fica entretido ao deliciar cada manga. Mas se percebe que é observado, logo sai correndo, e numa velocidade tão grande que a visão humana não consegue acompanhar. Costuma encantar crianças pequenas para morar com ele nas matas. Após ensinar os segredos da floresta por sete anos, devolve os jovens para a família.

No entanto, não tem um gênio bom e é também chamado de espírito da mentira. Seus pés virados deixam rastros falsos no chão, iludindo viajantes e caçadores. Também os confunde com assobios e sinais falsos até eles se perderem. Persegue, tortura e pode até matar os caçadores que atiram em animais sem necessidade ou animais em procriação e amamentação. Quando não morrem, ficam abobalhados para sempre. Lenhadores que derrubam árvores de forma predatória também são alvos de suas travessuras.

Pode, contudo, ter contatos amistosos com alguns caçadores, dando-lhes armas e transmitindo certos segredos que, quando revelados, são fatalmente punidos. Isto é feito em troca de comida ou presentes, como fumo e pinga, porque, na verdade, era bem fácil distrai-lo. Para conseguir fugir dele é só fazer um novelo de cipó bem emaranhado e esconder a ponta de forma que o Curupira não a consiga achar. Por ser muito curioso, o Curupira se esquece de seu alvo e fica tentando desemaranhar o novelo.

NUNCA ESQUEÇA UMA CONDIÇÃO...
Uma história conta que o Curupira resolveu comer o coração de um caçador que havia matado um macaco. O esperto caçador entregou ao Curupira um pedaço do coração do macaco, que provou, gostou e quis comer tudo! Pensando em se safar o caçador disse que só daria tudo se o Curupira desse um pedaço de seu coração para ele. Como a entidade acreditara que tinha comido o coração do caçador, pegou uma faca, enterrou em seu peito e tombou sem vida.

O caçador disparou, então, pela floresta e prometeu a si mesmo nunca mais voltar. Durante um ano, não quis saber de entrar na mata, dizendo que estava doente quando lhe perguntavam por que não saía mais da aldeia. Até que sua vaidosa filha pediu o mais diferente colar já visto e o caçador pensou que os dentes do Curupira dariam uma bela joia. Partiu para a floresta e encontrou o esqueleto do gênio encoberto por mato no mesmo lugar onde havia morrido com os dentes verdes brilhando como esmeraldas. Começou, então, a bater com ele no tronco de uma árvore, para que se despedaçasse e soltasse os dentes. Imaginem a sua surpresa quando, de repente, o Curupira voltou à vida! Exatamente como antes, como se nada tivesse acontecido! Por sorte, o Curupira acreditou que o caçador o ressuscitara de propósito e lhe deu um arco e flecha mágicos que nunca errava o alvo. Porém, tinha uma condição: jamais alvejasse uma ave ou animal que estivesse em bando, pois ele seria atacado e despedaçado.

Mesmo sem o colar, o caçador voltou à tribo se sentindo poderoso. Nunca mais faltou caça para a tribo. Por onde passava, era olhado com respeito e admiração. Até que o orgulho o fez esquecer da única condição dada pelo Curupira e flechou um pássaro voando em bando. Imediatamente foi atacado pelo bando enlouquecido e estraçalhado pelos pássaros. Com pena daquele que o ressuscitara, o Curupira arranjou cera derretida e colou os pedaços do caçador, devolvendo-lhe a vida. O gênio avisou que essa seria a única vez que ele poderia ajudá-lo e ele nunca mais poderia beber ou comer coisas quentes para não derreter a vela. Feliz e agradecido voltou para a aldeia sem nada dizer e levou uma vida normal durante muito tempo. Até o dia em que sua mulher preparou uma comida tão apetitosa, que ele não aguentou esperar esfriar e acabou derretendo por inteiro.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Mês do folclore

Selos comemorativos emitidos em 2011. Tem Curupira,
Mãe-do-Ouro, o Boto e a Mula-sem-Cabeça.
Todos os povos possuem suas tradições, crenças e superstições, que se transmitem de geração em geração através de lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, idiomas e dialetos característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo. A Unesco declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, que precisa ser bem administrada como herança cultural.

E agosto é dito como o mês do Folclore, sendo dia 22 seu dia comemorativo. Então, veja AQUI um pouco mais sobre a mitologia do nosso país, que faz parte de nosso folclore. Tem a Iara, tem Jaci e o nosso famoso Saci, além de muitos outros.

A Folha de São Paulo já publicou matérias sobre o assunto com vários outros personagens que disponibilizei AQUI e AQUI. Maurício de Souza também andou fazendo uma publicação sobre o folclore nacional que mostrei AQUI e talvez ainda seja encontrada em bancas.

sábado, 19 de abril de 2014

Dia do Índio

Índia Kayapó
Não podemos esquecer desse dia que comemora àqueles que são a essência do nosso país: os Índios Brasileiros.
Mas primeiro... vamos entender uma coisa: ÍNDIO É UMA PALAVRA ERRADA! Explicando: quando Cristóvão Colombo chegou ao continente americano, achou que tinha chegado às Índias e, assim, denominou todos os povos nativos como "índios". Entenda: os nativos do Brasil não se chamavam de "índios", muito menos os nativos das planícies norte-americanas. Esse termo eurocêntrico está caindo em desuso nas últimas décadas. O correto seria chamar de povos autóctones ou povos nativos, porém, os termos "índio" e "indígenas" já estão enraizados em todos os idiomas.

Em abril de 1940, os principais líderes autóctones do continente americano se reuniram para o 1º Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. O objetivo era discutir ações que zelassem pelos direitos dos povos nativos. Porém, muitos líderes boicotaram os primeiros dias do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos "homens brancos". Depois de algumas reuniões, eles decidiram que o Congresso representava um importante momento histórico, e resolveram participar, criando assim o Instituto Indigenista Interamericano, também sediado no México, que tem como função zelar pelos direitos dos povos nativos em toda a América.

O Congresso também aprovou uma recomendação de delegados "indígenas" do Panamá, Chile, Estados Unidos e México, que pedia a adoção do Dia do Índio pelos governos de todos os países americanos. O dia proposto foi 19 de abril, data em que acabou sendo realizada a reunião. O Brasil não adotou a data comemorativa imediatamente: somente em 2 de junho de 1943, após intervenção do Marechal Rondon, o então presidente Getúlio Vargas, por meio do decreto-lei 5.540, instituiu a data, cumprindo a proposta do Congresso. Desde então, nosso país celebra a data com atividades educacionais e divulgação sobre o povo nativo brasileiro. Escolas e instituições culturais promovem ações e palestras para lembrar a importância desses povos para a formação da cultura brasileira e preservar as tradições e a identidade dos "índios".

No entanto, a data não colou pelo mundo. Somente Argentina e Costa Rica adotaram. Em 1994, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) instituiu o Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado todo 9 de agosto. Em 2019, a organização comemora o Ano Internacional das Línguas Indígenas.

Aproveitem para conhecer o Museu do Índio no Rio de Janeiro e para dar uma passeada aqui no blog para saber mais sobre nossa cultura na lupa de Mitologia Brasileira (aí do lado) ou vá direto em alguns verbetes dedicados à mitologia "indígena" brasileira, como o protetor Anhangá, as lendas do Guaraná, nossa sereia Iara e a lua Jaci. Você também pode conhecer mais sobre o famoso ritual Quarup, entre outros.

domingo, 25 de agosto de 2013

Muito mais folclore nacional

Escondida nas matas da região Centro-Oeste, o Pé-de-
Garrafa 
tem a figura de um homem, mas seus pés são
arredondados como fundos de garrafa. Por isso, caminha
sempre aos pulos. Seus gritos são tão fortes que fazem
as pessoas enlouquecerem e se perderem pelo cerrado.
Diz a lenda que quem for pego por ele tem sua alma
aprisionada no pé do monstro.
A Folhinha ainda está aproveitando o mês de agosto para falar sobre o folclore brasileiro. Dessa vez, foram selecionadas alguns mais desconhecidos.

"Os seres fantásticos do folclore brasileiro são mais vivos onde as pessoas não vão tanto à escola. Nas cidades, onde é maior o estudo, esses mitos são deixados para trás. É uma perda irrecuperável", diz Ricardo Azevedo, que já escreveu diversos livros infanto juvenis sobre cultura popular. A escritora Heloisa Prieto conta que "uma das maneiras de preservar essa tradição é a literatura. Desde a Grécia antiga, transforma-se lendas orais em livros. Neles podemos ter imagens, textos e cantigas de roda."

Vejam nesta postagem as ilustrações de Roger Mello, que já foi finalista do prêmio Andersen, o principal da literatura infantil, para a matéria original.

Pequenino e de cor vermelha, o Sanguanel vive nos pinheiros do sul do Brasil. Sua maior diversão é roubar crianças e escondê-las no topo das árvores. Mas ela não faz nenhum mal a seus reféns, a quem geralmente oferece água e mel servido em uma folha. Segundo os gaúchos, quando finalmente encontradas por seus pais, as crianças não conseguem se lembrar de nada, apenas da figura vermelha do Sanguanel.
No fundo das águas do rio São Francisco, vive uma serpente gigante que aterroriza os pescadores. Quando incomodado, o Minhocão se enfurece e afunda barcos com um simples golpe de cauda. A lenda da criatura ajuda a explicar o fenômeno da erosão na região. Dizem os ribeirinhos que seu corpo escava grutas na beira do rio, o que causa desmoronamentos.
Quando os moradores da região amazônica escutam um assovio de dar arrepios, logo já sabem do que se trata: é a Matinta Pereira, uma velha com poderes de feiticeira. Para aquietá-la, é preciso prometer fumo em voz alta. Segundo o folclore, na manhã seguinte, uma mendiga sempre aparece na casa de quem fez a promessa. É Matinta cobrando seu fumo.
Partes de corpos que caminham sozinhas assustam moradores do Nordeste e do Sudeste. Em Pernambuco, uma perna cheia de pelos aparece sem avisar e chuta quem vê pela frente. Já a Mãozinha Preta, assombração que surgiu em São Paulo, chega flutuando na casa das pessoas para ajudar nos afazeres domésticos. Mas ela se irrita e belisca todo mundo.
A Pisadeira é uma mulher muito magra que vive nos telhados de São Paulo e do sul de Minas Gerais. Seus pés são compridos e têm unhas enormes, sujas e amareladas. Quando alguém vai dormir de barriga cheia após o jantar, ela desce do topo da casa e pisa no peito da pessoa. A vítima, então, entra em estado de paralisia. A lenda procura explicar a paralisia do sono, quando pessoas não conseguem mexer o corpo ao despertar.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Agosto, mês do desgosto e do folclore

Tutu Marambá, o bicho-papão brasileiro.
Assombrador de crianças, aparece em cantigas
de ninar, que a criança ouve, fecha os
olhos de medo e dorme
Agosto é um mês misterioso. Dizem que são trinta e um dias de desgraça e infelicidade nos quais não se deve viajar, fechar negócios e muito menos casar. Agosto também é o mês do folclore, a ciência das coisas do povo. Os ritos, as tradições, a sabedoria, as brincadeiras, os jogos, as festas e as danças que o povo dança fazem parte do folclore.

Por que justo agosto é um mês de azar? Por que quem tem sorte no jogo tem azar no amor? E sonhar com dente é morte de parente? São perguntas cujas respostas a gente só encontra no folclore. Um grande número de assombrações, fantasmas e entes fantásticos de todos os tipos e tamanhos surgem através dessa ciência popular.

Em 22 de agosto de 1982, a "Folhinha", do jornal a Folha de São Paulo, comemorou o mês apresentando às crianças criaturas do folclore nacional. Além de seres mais conhecidos, como a Mula Sem Cabeça e o Lobisomem, o caderno trouxe outros como o Tutu Marambá, Domingos Pinto Colchão e o Papa-Figo.

Vejam as ilustrações de Ricardo Azevedo para a publicação original nesta postagem.

Pé-de-Garrafa tem a figura de um homem com os pés redondos como fundo de garrafa.
Anda pelo mato dando gritos tão fortes que fazem as pessoas enlouquecerem e se perderem
A onça-boi é um animal assombrado que anda pela floresta
sempre em duplas e não sabe subir em árvores.
O caboclo d'água vive no fundo dos rios. Tem o domínio das águas e dos peixes.
Ataca canoeiros e pescadores, virando barcos e criando ondas enormes.
Domingos Pinto Colchão (também conhecido como Pinto Pelado) é um galo endiabrado,
meio desengonçado e depenado que entra pelas casas derrubando tudo.
A boiúna é uma cobra escura e gigantesca com rosto humano que habita os rios amazônicos.
Pode se transformar em barco ou navio, solta fogo pelos olhos e engole pessoas com facilidade.
A mula sem cabeça galopa pela noite assombrando e dando sustos. Solta chispas de fogo pelas narinas e pela boca.
Para evitar seu ataque é só esconder unhas e dentes.
O cavalo de três pés é uma versão da mula sem cabeça. Aparece nas estradas desertas correndo,
dando coices e voando. Quem pisar em seu rastro será infeliz
Muito feio, pálido e barbudo, o Papa-Figo anda esfarrapado e sujo,
roubando crianças mentirosas. É um tipo de bicho-papão.
A anta cachorro é um animal grande e misterioso que tem forma de onça e mãos com cascos de anta. É bem feroz, mas não consegue trepar em árvores. Se alguém, para escapar dele, subir em uma árvore, o animal cava a terra com suas unhas de anta até que o tronco caia.
No Brasil, um lobisomem é o filho que nasce depois de sete filhas.
Aparece de noite nas encruzilhadas e cemitérios. Uiva para a lua e aprecia comer cocô de galinha
A mãozinha preta aparece sem mais nem menos andando pelo ar.
Às vezes é útil ajudando nos serviços da casa. Outras vezes fica brava e sai perseguindo e beliscando as pessoas
São homens que andam pelas ruas e estradas com um saco
grande pendurado nas costas, onde bota as crianças mal comportadas.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Dia de responsabilidade ambiental


Em um dia 2 de fevereiro, lá pra década de 1930, tornou-se dia de festa no mar. É o momento que milhares de pessoas saem de suas casas em direção às praias para saudar a rainha das águas salgadas, Iemanjá, orixá responsável pelo equilíbrio mental, fartura e prosperidade.

É importante lembrar que os orixás vibram pela natureza, portanto, é preciso de consciência ambiental na hora de fazer as oferendas. Por exemplo:
  • Não leve para as águas nenhum elemento que coloque a vida marinha em risco.
  • Coloque flores.
  • Use balaio de palha ecológica.
  • Se for preparar a comida sagrada (eboyá), faça a base de milho branco, temperada como cebola, sal e azeite de dendê.
  • Prefira elementos biodegradáveis. Nada de sintético!

Mas lembre-se que a fé é mais importate que uma oferenda material.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Feliz Dia do Saci!


Eu sei que hoje é Halloween, mas pouca gente sabe que hoje é também o Dia do Saci! Saiba mais sobre esse personagem do folclore brasileiro AQUI.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ciranda Coraci

A criação do mundo "indígena" é recriada repleta de cor e movimento na HQ Ciranda Coraci (Ed. Nemo, 2011), através de um texto poético de Wellington Srbek e das belíssimas imagens de Will.

Coraci (o sol) é o fio condutor da história. Jaci (a lua) obviamente aparece, mas com uma história diferente.

É um livro com aplicação escolar sem um tom didático, mesmo que nele a escola passe a ser um personagem da trama, já que o narrador conta a história para alunos em uma sala de aula.

Aprendi coisas bem bacanas como a representação do "Criador de Todas as Coisas" e a sombra abandonada de Coraci. Aliás - que eu saiba - Coraci é também chamado de Coaraci, mas investigarei melhor quando falar especificamente da divindade solar do nosso Brasil.

domingo, 7 de outubro de 2012

Ignorância mitológica

Um caso bizarro está se desenrolando em Petrolina, Pernambuco. O escultor Ledo Ivo, com autorização da Marinha, instalou uma escultura da Mãe d'Água, figura da mitologia indígena brasileira, nas águas do rio São Francisco.


Por conta disso, o vereador evangélico Osinaldo Sousa fez então um discurso inflamado, acusando a estátua de estar representando, na verdade, Iemanjá, e que por este orixá ser dos cultos afro-brasileiros, também é o demônio e uma blasfêmia a Deus-Todo-Poderoso!

A gritaria na cidade foi tanta que Ledo Ivo acabou vendendo a estátua para uma pessoa instalá-la em sua fazenda!

Vamos lá... caro, seu "dotô" Osinaldo:
  • Pra começar, são duas mitologias diferentes e, assim, duas entidades diferentes.
  • Consideremos também que a Mãe d'Água não é uma divindade e sim um personagem folclórico próximo a uma sereia (que já expliquei AQUI).
  • Orixás e demônios também são de mitologias diferentes...
  • Cada um deposita sua fé onde bem entender. O senhor, por exemplo, acredita em arcas gigantes, mares que abrem no meio, chuva de sangue e pessoas que andam sobre as águas.
  • Você sabia que o Brasil é pura miscigenação cultural, racial e religiosa? O sincretismo está intrínseco as bases fundamentais deste país.
  • E, por último, e talvez mais importante o Estado deve ser laico, ou seja, nenhum político pode acionar as leis em nome de questões religiosas. Ele até poderia usar de argumento que não se pode utilizar dinheiro público para levantar monumentos a quaisquer religiões, mas seria facilmente refutado com o fato da Mãe d'Água não ser uma deusa e, portanto, não ser digna de adoração.
Lamentável. Esse blog repudia manifestações religiosas de qualquer tipo, principalmente as ignorantes. Aproveitem o dia de hoje e votem corretamente.
(Via Tony Góes)

sábado, 8 de setembro de 2012

Perto dela

Fui até a Praia de Botafogo e tirei fotos de Awilda, a Iemanjá de 12 metros do espanhol Jaume Plensa.

O nome completo da obra é Olhar nos meus sonhos (Awilda).
As oferendas pra Iemanjá costumam ser feitas em barquinhos.
Para Awilda, as oferendas são em tamanho real!
Referência de tamanho. Pena que o Pão de Açúcar estava encoberto...

No display explicativo, fica-se sabendo que Awilda é, na verdade, a filha de um rei escandinavo do século V que se tornou uma mulher pirata, mas que o artista chama carinhosamente de Iemanjá. Ela ficará até 2 de novembro convivendo com barcos e pessoas.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Iemanjá está em praias cariocas!

O artista espanhol Jaume Plensa inaugurou hoje, na Praia de Botafogo, na Zona Sul do Rio, a escultura do rosto gigante de uma mulher, feita em fibra de vidro. Segundo o escultor, trata-se de uma homenagem a Iemanjá, orixá do qual ele diz ser devoto, e foi construída ao longo dos quatro meses que o artista está no Brasil (desde novembro). Intitulada Awilda, a obra ficará instalada na beira do mar por dois meses. A obra faz parte da mostra de arte pública OIR - Outras Ideias para o Rio.

(Matéria do Globo.com e foto de Renata Soares)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O folclore brasileiro de Maurício de Sousa

Curupira
A Mauricio de Sousa Produções está lançando a série Turma da Mônica - Brincando de Folclore. Trata-se de uma série de livros pop-up (aqueles em que as imagens em dobradura levantam da página quando o livro é aberto) que contam as histórias de algumas das lendas do folclore brasileiro sempre com participação da Turma da Mônica.

A série é quinzenal até a edição 11 e será semanal a partir daí, contando com 50 volumes, cada um dedicado a uma lenda diferente:
Saci | Curupira | Boto rosa | Iara | Mula sem Cabeça | Boitatá | Lobisomem | Negrinho do Pastoreio | Vitória Régia | Cuca | Cabra Cabriola | João de Barro | Cobra Honorato | A loira do banheiro | Uirapuru | Gralha-azul | Onça-boi | Lua | Pirarucu | Pai do mato | Onça maneta | Negro D'Água | Jericoacara | Mandioca | Jurutaí | Diamante | Erva Mate | Bicho Homem | Mapinguari | O milho | Iemanjá | Bumba meu boi | Chorô do Ipê | Santo Antônio casamenteiro | São João | Origem das frutas | Peixe eletrônico | Vagalume | Mãe D'Ouro | Por que os galos cantam? | Vaqueiro misterioso | Japim mágico | e outras!
A coleção também conta com livros de atividades e adesivos, que permitirão que as crianças fixem as histórias em suas mentes através de atividades divertidas. O projeto conta com a supervisão de uma pedagoga para garantir a qualidade do material em relação ao seu conteúdo.

Lançada pela Planeta DeAgostini, a série tem preço de lançamento de R$4,99. A partir da segunda edição, vai para R$9,99.

Gente... que barato! Tem coisa aí que nunca ouvi falar! E no traço do Maurício de Sousa!!!