terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ebisu

Ebisu é o deus japonês dos pescadores, um dos Sete Deuses da Sorte do xintoísmo, o único de origem japonesa. Importantíssimo para uma nação insular, é responsável pela navegação segura e por uma pesca abundante, garantindo prosperidade nas negociações marítimas. É comumente associado a Daikoku, outro dos sete deuses, para garantir abundância tanto na terra quanto no mar. Inclusive, algumas lendas colocam Ebisu como filho de Daikoku.

Prém, na verdade, ele foi Hiruko, o primeiro filho de Izanagi e Izanami. A deusa Izanami teria comprometido as leis do cortejo ao falar primeiro no encontro dos deuses e, assim, seu primogênito nasceu sem ossos, parecendo um sanguessuga. Hiruko era tão monstruoso que foi abandonado ao mar em um barco de junco, onde, acabou se transformando em uma divindade. Talvez seja essa a origem do velho costume japonês dos pais comemorarem o nascimento de seus primeiros filhos, colocando uma estatueta em um barquinho de junco no mar.

É comumente apresentado como um homem gordo, sorridente e barbudo vestindo roupas formais de juiz ou as vestes de caça de um cortesão. Está sempre segurando uma vara de pescar na mão direita com um pargo vermelho preso na linha (que está na mão esquerda), simbolizando sorte. Se estiver segurando um leque, representa concessão de desejos e tomada de decisões. Diz-se que Ebisu era um pouco surdo. Assim, surgiu o costume de bater palmas antes de orar para ele a fim de ganhar sua atenção.

Por ter nascido sem ossos e superado essa condição ao se tornar uma divindade, Ebisu também é protetor das crianças que nascem com problemas e é associado às águas-vivas.

OBS.: Os outros deuses da sorte são: Benten, Bishamon, Daikoku, Fukurokuju, Hotei e Jurojin.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cernunnos

Cernunnos é, possivelmente, a mais antiga divindade do panteão celta. Há sinais, inclusive, de que ele seja anterior às invasões celtas. Independentemente de sua origem, o Deus Cornudo (ou Galhudo, ou Cornífero), desempenha uma função importante não só por se tratar do Senhor dos Animais - domésticos e selvagens -, mas também da fertilidade e da abundância - regulando as colheitas dos grãos e das frutas - e Mestre das Caças. Ele conectava a Terra, o Céu e o Mar no centro sagrado do mundo, como a representação da Natureza. Posteriormente, foi considerado também o deus do dinheiro e, em alguns momentos, é associado ao Sol.

Segundo as lendas, Cernunnos (o princípio masculino) é filho da Grande Deusa (o princípio feminino). Ele atinge sua maturidade no solstício de verão e se apaixona pela Deusa. Ao fazerem amor, deposita toda sua força e a engravida. Quando a Deusa dá a luz no solstício de inverno, o deus morre, pois foi ele mesmo que renasceu. É a representação da passagem das estações. Um símbolo do poder natural da vida e da morte.

Essa relação incestuosa foi substituída por outra lenda, registrada por um poeta. Nela, Cernunnos nasceu da Grande Deusa sem seus chifres. Atingiu sua maturidade no verão e se apaixonou por Epona. Com ela se casou e ambos reinavam no subterrâneo - onde encaminhavam as almas. Porém, Epona precisava vir à Terra cumprir suas funções de deusa da fertilidade, lembrando a história de Hades e Perséfone. Num desses momentos, Epona o traiu e uma galhada começou a nascer na cabeça do deus. Daí viria a ligação entre traíções e chifres.

Sua primeira representação conhecida está presente em uma gravação sobre rocha datada do século IV encontrada no norte da Itália. Aparece como um ser de aspecto antropomorfo, dotado de dois chifres de cervo na cabeça e dois torques em cada braço. O torque - espécie de argola aberta torcida com as extremidades em forma de esferas - é um atributo de poder e realeza utilizado no pescoço ou nos braços pelos grandes chefes e guerreiros mais destacados para que fossem identificados como mestres na sociedade celta.

Ao lado desta imagem estava desenhada uma serpente com cabeça de carneiro - símbolo de renascimento e sabedoria. Acreditava-se, então, que Cernunnos poderia tomar a forma deste animal. Frequentemente é representado acompanhado por animais, principalmente cervos e touros, que se alimentam de um grande saco que tem em seu poder, ou por serpentes que se alimentam da fruta oferecida entre suas pernas. Em algumas ocasiões - como no caldeirão Gundestrup (foto) encontrado na Dinamarca -, aparece sentado de pernas cruzadas.

Os deuses com chifres são sempre identificados como entidades de sabedoria e de poder. Na Antiguidade, tais protuberâncias cefálicas podiam ser levadas apenas pelos mais viris, dotados de valor, honra, masculinidade etc. É possível que a idéia de "coroa real" venha daí. Um conto popular gaélico fala sobre viajantes que ganharam chifres ao comerem maças da floresta de Cernunnos. Após mordê-las, chifres cresceram em suas testas e eles passaram a compreender muitas coisas que aconteciam ao redor do mundo. Uma lenda escocesa afirma que chifres apareciam na cabeça dos melhores guerreiros. Os vikings são popularmente conhecidos por seus elmos com chifres, mas eles nunca levavam adornos semelhantes aos combates, pois isso seria um grande incômodo. Na verdade, utilizavam capacetes lisos e práticos, quase sem ornamentos. Os famosos capacetes com chifres eram utilizados apenas em cerimônias religiosas.

Cernunnos foi muito adorado entre os povos celtas da França (Gália) e da Grã-Bretanha - onde foi associado a Belatucadnos, um deus da guerra. Os gregos associavam-no a , mas os romanos o relacionaram a Mercúrio. Na Irlanda medieval, os chifres de Cernunnos foram transferidos ao Diabo, dando forças ao cristianismo contra o paganismo.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Thor: Filho de Asgard

Hoje trago a vocês a animação Thor: O filho de Asgard (Thor: Tales of Asgard, 2011, 77') É uma animação feita pela Marvel e, portanto, sua mitologia é mais próxima aos quadrinhos e ao filme. Mesmo assim, são interessantes as referências mitológicas. A sinopse é a seguinte:
Antes de erguer seu poderoso martelo, um jovem Thor sai em busca da lendária espada perdida de Surtur pelos Nove Reinos. Faminto por aventura, Thor secretamente embarca na viagem da sua vida, acompanhado por seu fiel irmão Loki, um feiticeiro do bem com um talento especial para evitar conflitos. Com eles também estão os três guerreiros lendários - Fandral, Hogun e Volstaag - e a bela Sif, que formam um grupo de viajantes poderosos. Mas o que parecia uma inofensiva caça ao tesouro torna-se rapidamente uma aventura perigosa. Agora Thor, tem de mostrar-se digno de seu destino, tendo que defender Asgard dos Gigantes do Gelo.



Apesar de agradar aos fãs de HQs, é um excelente começo para os jovens interessandas na mitologia escandinava. São raras as mitologias que contam a juventude de seus deuses e essa animação cria uma história fictícia sem fugir de importantes pontos. Estão lá os Nove Reinos (principalmente Asgard, Jotunheim e Svartalfheim), as relações familiares entre Odin, Thor e Loki, além de Thrym, Heimdall, Brunhilda e as Valquírias. Até Sleipnir (o cavalo de oito patas de Odin) e a carruagem do trovão puxada pelos carneiros Tanngnostr e Tanngrisnir. Vale a pena!

sábado, 14 de janeiro de 2012

CORREÇÃO: Polinésia e as ilhas do Pacífico


A partir de agora, vocês verão aqui ao lado a lupa de Mitologia Polinésia, que, na verdade, é uma correção. Este blog começou com a lupa de Mitologia Havaiana, que depois mudou para Mitologia Maori, mas ambas as denominações eram incompletas.

Polinésia vem do grego "muitas ilhas". É um arquipélago de origem vulcânica (as maiores) e coralina (as menores) no Oceano Pacífico estendido sobre uma superfície de 298 mil km² de área e 4,5 milhões de habitantes. A maior parte das ilhas pertence aos Estados Unidos (Havaí, Atol de Midway e Samoa Americana), à Nova Zelândia (Ilhas Cook e Tokelau), à França (as Ilhas Marquesas, Tuamotu, Tubuai e as ilhas que formam a Polinésia Francesa) e ao Chile (Ilha da Páscoa, Sala e Gómez). É possível que ainda aparecam nesta lupa mitos da Micronésia e da Melanésia, outros arquipélagos do Pacífico.


Percebe-se, então, porque usar somente o Havaí como referência é diminuir uma cultura tão vasta. Assim como, usar Maori, que é o nome de um povo nativo da Nova Zelândia.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Oro

Representação da lança de Oro
em madeira e fibra vegetal.
(Museu Britânico, séc. XVIII)
Oro era o deus da guerra em várias ilhas do Pacífico (como o Taiti). Filho dos deuses Ta-Aroa e Hina, gostava de lutas sanguinárias e acompanhava os homens nos combates. Só sossegava com sacrifícios humanos. Em períodos de paz, entretanto, tinha aspecto mais calmo e era chamado de Oro-i-Te-Tea-Moe ("Oro da Lança em Repouso").

Quando decidiu se casar, Oro criou um arco-íris entre o céu e a terra e o atravessou até um lugar conhecido como Montanhas Vermelhas. Lá conheceu Vai-Raumati, filha de Ta'ata, o primeiro homem, e a fez sua esposa. Com ela, teve três filhas que adoravam provocá-lo para que ele continuasse irritado: Toi-Mata ("Olho de Machado"), Ai-Tupuai ("Comedora de Cabeças") e Mahu-Fatu-Rau ("Fuga de centenas de pedras"). Seu único filho, Hoa-Tapu ("Amigo Fiel"), tornou-se um grande governante, apesar de não gostar ser contrariado.

Nas Ilhas Cook, dizia-se que Oro era filho de Tangaroa e seu temperamento era um pouco diferente.

Oro também era patrono de um culto taitiano de artistas e animadores chamado Areoi. Os sacerdotes do culto honram o deus com festivais que incluem ofertas públicas de penas vermelhas e do sacrifício de porcos jovens.