domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sambas divinos

Todo ano o Carnaval do Rio traz a mitologia nos desfiles das escolas de samba. Já até mostrei fotos sobre isso em 2010 e 2011. Esse ano vou mostrar as referências nos sambas-enredo:
  • IEMANJÁ: Essa é "arroz de festa"! Dificilmente ela é esquecida. Em 2012, ela está na Portela e na Imperatriz Leopoldinense (ambas com enredo sobre a Bahia).
  • OXALÁ E OXUM: Os dois orixás aparecem no samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense sobre a Bahia de Jorge Amado.
  • XANGÔ: A Beija-Flor de Nilópolis pede luz ao orixá em seus rituais que cantam a história de São Luís do Maranhão.
  • HERA: O polêmico enredo sobre o iogurte rendeu a Porto da Pedra muitas críticas e a deusa Hera ganhou uma frase no samba-enredo e "tece o caminho das estrelas".
  • LOBA: A loba que amamentou Rômulo e Remo - ditos como filhos do deus Ares e fundadores de Roma - é citada na Porto da Pedra.
  • OXÓSSI: O orixá guerreiro protege o Cacique de Ramos e a Estação Primeira de Mangueira.
Essas são apenas as citações nos sambas-enredo, mas eu garanto que muito mais vai aparecer entre as alegorias e adereços das escolas. Por exemplo, a Vila Isabel com um enredo sobre Angola deve trazer mais coisas sobre a mitologia africana, assim como a União da Ilha - que vai falar sobre Londres - garantiu a Távola Redonda e outras histórias inglesas.

Hoje tem e amanhã continua!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

É carnaval!

Curtam bastante essa festa que tem ligações com a mitologia greco-romana e os deuses Saturno e Baco / Dionísio!

Se quiser saber mais sobre a festa clique AQUI. Tem outras postagens sobre o assunto AQUI.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O dia de São Valentim

Dia 14 de fevereiro é o dia de São Valentim (Valentine's Day) em vários países e também o Dia dos Namorados.

O bispo Valentim teria lutado contra as ordens do imperador romano Cláudio II, o Gótico, que proibia o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes. Além de continuar celebrando casamentos, ele mesmo teria se casado secretamente. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à decapitação. Muitos jovens lhe enviavam flores e bilhetes de apoio. Alguns fizeram até jejum. Na prisão, ele se apaixonou por Astérias, a filha cega de um carcereiro (ou juiz), e, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Antes de sua execução (decapitação) no dia 14 de fevereiro de 269, Valentim escreveu uma mensagem de adeus para ela, na qual assinava "De seu Valentim" (from your Valentine).

Mas, por mais verdadeira que pareça, essa história tende a ser falsa...

A Igreja Católica chegou a considerar Valentim um mártir, mas começou a duvidar de sua identidade e de sua existência a partir de 1969. Nas mais antigas listas de mártires confeccionadas nos primeiros séculos da era cristã, existem pelo menos três santos com nome de Valentim: dois bispos sepultados em diferentes locais de Roma, e um terceiro que teria sido torturado e morto na África, todos eles lembrados em 14 de fevereiro. Estudiosos afirmam que os dados que chegaram até hoje sobre esses três supostos mártires são escassos, insuficientemente fundamentados e de data muito posterior à época em que se supõe que tenham vivido. Acreditam, então, que ao longo dos séculos esses três Valentins foram se unificando na memória popular, dando lugar assim a uma tradição a partir de alguém que de fato nunca existiu. Várias igrejas do mundo, na Espanha, Irlanda, Polônia, Itália e Grécia, afirmam ter pelo menos parte dos restos do santo.

O 14 de fevereiro também marcava a véspera da Lupercalia, festa anual celebrada na Roma antiga em honra a Juno e Fauno. Um dos rituais desse festival era a passeata da fertilidade, em que sacerdotes caminhavam pela cidade batendo em todas as mulheres com correias de couro de cabra para assegurar a fecundidade. Em 5 d.C., o Papa Gelásio I se apropriou da data para cortar os rituais pagãos, mas a associação de todos esses eventos com o amor romântico só teria acontecido após o fim da Idade Média, quando tal conceito foi formulado a partir do dia de acasalamento dos pássaros.

A primeira referência romântica que se conhece é o poema O Parlamento dos Pássaros, do inglês Geoffrey Chaucer (1343-1400). Ele relacionava o acasalamento das aves, que aconteceria perto do dia de São Valentim, a uma data particularmente auspiciosa para os amantes – amores entre damas e cavaleiros, o "amor cortês". A lenda foi crescendo e, no século 15 já se dizia que ele havia casado soldados para que não fossem para a guerra.

A Inglaterra é a grande responsável pela difusão da lenda, mas nem todos os países relacionaram São Valentim aos namorados. Na Grécia, ele é celebrado apenas como um mártir. Na Eslovênia, é o padroeiro dos criadores de abelhas. Na América Latina, o dia também vale para amigos. O costume já havia sido adotado antes da Revolução Industrial em países da Europa Ocidental. Israel tem o Dia do Amor (Tu B'Av) e a China tem o Festival do Amantes (Qing Ren Jie).

NO BRASIL, NADA DE ROMANTISMO
O conservadorismo brasileiro não permitia uma data de comemoração de namoro. O que havia era cada um em um canto do sofá, com a mãe no meio. Historiadores acreditam que somente a partir das décadas de 1920 e 1930 que o namoro começou a ser permitido. Somando isso à tradição de Santo Antônio, casamenteiro em Portugal e mencionado como mediador de parcerias, o costume de celebrar São Valentim nunca foi instalado por aqui.

Até 1948 ainda não existia data no calendário para festejar o romance entre namorados, pretendentes e apaixonados. Como o mês de junho era um mês fraco para o comércio, a extinta loja Clipper em São Paulo teria contratado uma agência de propaganda (Standart Propaganda) para melhorar suas vendas. O publicitário João Dória sugeriu, então, a mudança da data de 14 de fevereiro para 12 de junho, véspera do Dia de Santo Antônio.

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E, assim, o Dia dos Namorados brasileiro se tornou uma data comercial, celebrada somente aqui.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ptah

São muitos os mitos que cercam Ptah, o Grande Escultor. Na cosmogonia de Mênfis (uma das capitais do Antigo Egito), ele era o Deus Criador, filho de Nun e Naunet, espíritos dos mares primevos. Criou o mundo pelo verbo. Teria criado os primeiros deuses somente com o ato de pensar neles e dar-lhes nome.

Também teria criado outros seres a partir da pedra, da madeira e do metal, usando suas habilidades como escultor. Para os egípcios, o coração (a origem do pensamento) e a voz (o sopro de vida) eram vistos como uma prova da presença de Ptah. Por essa razão, no momento do nascimento de uma criança, gritava-se "Ptah!" e a alma (ka) passava a habitar seu corpo e a criança chorava.

Formava uma tríade divina com sua esposa Sekhmet e seu filho Nefertum. Imhotep e Maahes também eram seus filhos. Acreditava-se que o faraó Ramsés II teria sido esculpido por Ptah em metal para governar o Egito. Mas com a ascensão de outros faraós e mudança de capital do império, Ptah perdeu importância, tornando-se o Divino Artesão, patrono dos ourives, dos escultores e dos ferreiros, sendo comparado ao Hefesto grego.

Na maioria das vezes, é retratado como um homem de pele clara com uma barba curta, vestindo um sudário branco bem justo (ou poderia estar mumificado). Usa na cabeça uma calota (como um solidéu) e segura um cetro que combina o ankh (símbolo da vida), o was (representação de força e poder) e o djed (pilar da estabilidade). Muitas vezes aparece com grandes orelhas por ter fama de atender às súplicas da humanidade. É também um símbolo da fertilidade masculina.

Ptah foi associado a diversos outros deuses do panteão egípcio (Hapi, Osíris, Tatenen, Seker etc.) e ao boi Ápis. Por essa razão, muito se vê sobre ele. Encontra-se também muitos estudos que ligam sua teogonia ao que veio a ser a religião judaico-cristã, com um deus acima dos outros.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Odoyá!

Vocês já sabem que dia é hoje, certo?

Iemanjá Rainha do Mar (por Maria Bethânia)
Quanto nome tem a Rainha do Mar? Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá, Inaê, Sereia, Mucunã, Maria, Dona Iemanjá.
Onde ela vive? Onde ela mora?
Nas águas, na loca de pedra, num palácio encantado, no fundo do mar.
O que ela gosta? O que ela adora?
Perfume, flor, espelho e pente. Toda sorte de presente pra ela se enfeitar.
Como se saúda a Rainha do Mar? Como se saúda a Rainha do Mar?
Alodê, Odofiaba, Minha-mãe, Mãe-d'água, Odoyá!
Qual é seu dia, Nossa Senhora?
É dia dois de fevereiro quando na beira da praia eu vou me abençoar.
O que ela canta? Por que ela chora?
Só canta cantiga bonita, chora quando fica aflita se você chorar.
Quem é que já viu a Rainha do Mar? Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Pescador e marinheiro que escuta a sereia cantar. É com o povo que é praiero que dona Iemanjá quer se casar.


PS.: A imagem deste post faz parte do projeto Iconografias do Maranhão, coordenado por Raquel Noronha, contemporânea minha da ESDI e agora professora na UFMA.