quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Horas iguais

Você já passou pela experiência de olhar por acaso para um relógio digital e perceber que os algarismos formam coincidências numéricas, tipo 11h11, 13h13, 02h02, 12h21, etc.? Algumas pessoas costumam achar isso intrigante e questionam se estas combinações numéricas apresentam algum significado. Há quem interprete como um sinal de que existe alguém pensando em você naquele momento específico, enquanto outros creem que é uma espécie de oportunidade que a vida oferece de você fazer pedidos para o universo. Mas será que existe algum fundo de verdade neste tipo de pensamento?

Algumas pessoas dizem que uma moça francesa afirmou ter planejado e organizado seu futuro através das horas e minutos iguais ou invertidos. Ela teria conseguido realizar muitos dos desejos, por exemplo, casar-se com o homem que ela mais amava. E seguia da seguinte forma:
01:01 - Alguém te ama
02:02 - Em breve terá um encontro.
03:03 - Contigo ele/a é mais feliz.
04:04 - Alguém distante pensa em você.
05:05 - Receberás um convite.
06:06 - Fará de tudo pelo seu amor.
07:07 - Alguém gosta de ti.
08:08 - Hoje ele/a pensou em você.
09:09 - Presentes do seu amor.
10:10 - Alguém irá se declarar para você.
11:11 - Você receberá um recado.
12:12 - Novidades te alegrarão.
13:13 - Você terá um lindo namorado.
14:14 - É hora de investir naquele alguém especial.
15:15 - Alguém chora por você.
16:16 - Alguém quer loucamente um beijo seu, em segredo.
17:17 - Não pensa em você desse jeito.
18:18 - Alguém sente saudades de ti, pois te ama.
19:19 - Você terá quem deseja.
20:20 - Terá união no amor.
21:21 - Você vai perceber que outro pode ser aquele alguém.
22:22 - Estão te xingando.
23:23 - Zombam de ti, mas nunca serás traída.
Com as horas invertidas (sequência de dígitos em que os números quando lidos em um sentido ou em sentido contrário são sempre os mesmos, por exemplo, 23:32, 01:10, 04:40, etc) funcionava da seguinte forma:
01:10 - Alguém está te querendo.
02:20 - Notícias boas estão a caminho.
03:30 - Alguém te deseja.
04:40 - Traíste alguém.
05:50 - Receberás uma surpresa.
10:01 - Teu amor está com outro(a).
12:21 - Falam mal de ti.
13:31 - Algo não irá te agradar.
14:41 - Perdeste algo.
15:51 - Alguém está te paquerando.
20:02 - Sentem saudade.
21:12 - Desejam o teu bem.
23:32 - Alguém está te zombando.
Mas ficam as perguntas: isso vale se a pessoa ficar esperando o hora chegar no relógio? Vale se o relógio não estiver no padrão AM/PM?

Já os numerólogos possuem várias teorias. Por exemplo: se alguém é "perseguido" pela coincidência de ver o relógio no marcador 13h13, os números 1 e 3 se repetem. Se for pelo 11h11, o número 1 está em evidência. E essas simbologias numerológicas nos oferecem pistas importantes sobre quais são os significados desta intrigante experiência. Outro modo de interpretar é avaliar o número final que obtemos pela soma dos algarismos da hora igual. No caso de 13h13, por exemplo, somamos 1+3+1+3 = 8. Então, os números 1, 3 e 8 são os veículos de nosso inconsciente para nos entregar um recado. Se a soma dos algarismos der um resultado igual ou superior a 10, precisamos somar novamente esses dois números, a fim de obter o resultado reduzido da soma.

Seguem abaixo algumas perguntas que você poderá fazer a si mesmo ao refletir sobre alguma sequência numérica:

NÚMERO 0: É indicador de um amplo potencial. É a semente a ser fecundada, o estado em que a pessoa se prepara para ter uma ideia criativa, tomar uma decisão importante, iniciar um projeto, enfim, começar uma nova etapa em sua vida. Só acontece às 00h00 (perfeito para reveillons).
  • O que estou gestando?
  • Tenho consciência de meu potencial, dos dons e talentos que possuo?
  • Estou me preparando adequadamente com os pensamentos corretos para adotar uma postura mais confiante que me permitirá iniciar um novo ciclo em minha vida?
  • Tenho refletido sobre aquilo que quero começar e as decisões que preciso tomar para iniciar uma nova fase?

NÚMERO 1:
  • Será que estou precisando de mais coragem para tomar uma decisão importante nesta fase em que vivo?
  • Como posso iniciar um novo projeto ou dar uma guinada em minha vida?
  • O que preciso fazer para ter mais independência, autonomia e criatividade?
  • A existência está me pedindo mais autoconfiança para bancar as minhas ideias ou exercer liderança?
  • Será que preciso melhorar minha relação com meu pai ou algum outro homem?

NÚMERO 2:
  • Quais conflitos tenho evitado para não enfrentar o incômodo da discordância e da desarmonia em meus relacionamentos?
  • Tenho valorizado meus sentimentos e expressado minhas emoções?
  • Não estou defendo meus direitos e pontos de vista porque tenho medo das pessoas não me amarem ou não gostarem mais de mim?
  • Será que preciso melhorar meu relacionamento com minha mãe ou outra mulher?

NÚMERO 3:
  • Como tenho me comunicado?
  • Tenho me permitido viver momentos de lazer?
  • Não estou me divertindo?
  • O que faço para ter mais prazer na minha vida?
  • Será que preciso melhorar meu relacionamento com algum irmão, vizinho ou colega de estudo?

NÚMERO 4:
  • Estou me organizando para administrar melhor o meu tempo?
  • Consigo me planejar para realizar uma meta?
  • Sou persistente e prático nesse processo?
  • De que forma tenho cuidado do meu corpo e da minha saúde?
  • Será que preciso melhorar meu desempenho profissional e assumir mais responsabilidades familiares?
  • Como tem sido meu desempenho em algum trabalho em equipe?

NÚMERO 5:
  • Estou me abrindo para novas oportunidades?
  • Como tenho lidado com o sexo e o prazer?
  • Tenho exagerado ou preciso viver novas experiências nesse sentido?
  • Quero viajar, fazer um novo curso ou simplesmente implementar novidades em minha rotina?
  • Será que preciso melhorar minha maneira de estudar, me concentrar e aprender?
  • Estou me dispersando ou sabendo escolher prioridades nesta fase de minha vida?

NÚMERO 6:
  • Sinto-me muito carente de afeto e de amor da família?
  • Tenho me dedicado aos meus familiares, buscando resolver atritos e conciliar divergências?
  • De que forma tenho expressado meus ideais românticos?
  • Será que preciso melhorar meu relacionamento com algum grupo ou mesmo com meus familiares?
  • Como posso apreciar mais a beleza e desenvolver meu senso estético, artístico ou musical?

NÚMERO 7:
  • Tenho agido de forma muito defensiva, me protegendo de relacionamentos íntimos?
  • Sinto-me solitário ou acabo me abrindo de forma impulsiva em meus relacionamentos?
  • Tenho receio de ser traído ou incompreendido?
  • Como tenho lidado com a possibilidade de ser infiel, traindo a pessoa parceira ou algum amigo?
  • Procuro me especializar e ser uma pessoa com mais conhecimentos?
  • Como tenho me relacionado com algum professor, mestre, guru? Ou nesse papel professoral?
  • Sigo minhas intuições ou duvido muito da minha fé e da religiosidade?

NÚMERO 8:
  • Como tenho buscado me destacar e ser respeitado?
  • Eu estou me impondo de forma tirânica ou acabo me submetendo passivamente à vontade dos outros?
  • De que forma estou lidando com o dinheiro?
  • Estou administrando bem minhas finanças, me endividando ou sendo muito "pão duro"?
  • Será que preciso melhorar minha relação com meu chefe, meu patrão ou outra figura de autoridade?
  • Sinto-me merecedor do sucesso e da abundância material?

NÚMERO 9:
  • Em que preciso colocar um ponto final?
  • Qual pendência é necessária ser finalizada?
  • Quais tarefas necessito concluir?
  • Estou chegando ao fim de um ciclo?
  • E conseguindo me abrir para o nascimento do novo?
  • Será que estou bastante apegado a uma relação, situação ou atividade?
  • Como posso desenvolver o desprendimento?
  • Chegou a hora de doar algumas roupas que não uso mais ou desapegar de alguns objetivos?

E aí? Acreditas?

PS.: Essa é a primeira postagem cruzada dos meus blogs Mito+Graphos e H+Min+Sec, que fala de relógios e o tempo em si. Vá lá! E tive ajuda do site Significados para essa postagem.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Deuses americanos


Deuses Americanos (American Gods) é o quarto romance de Neil Gaiman, publicado em 2001, que mistura várias vertentes da mitologia (com foco maior na mitologia escandinava, mas passando por egípcia, africana e outras). Tudo está centralizado em um misterioso e taciturno protagonista Shadow, que de repente se vê envolvido num embate entre os deuses antigos que migraram para o centro do mundo atual (os EUA, lembrando a premissa de Percy Jackson) e os deuses do capitalismo, como a Mídia e a Tecnologia.

Sei que os fãs de Gaiman são inúmeros, mas achei a narrativa bem arrastada. Os poucos momentos de ação não seguram. Você lê praticamente livo inteiro esperando o grande combate e ele acontece meio longe do leitor. Talvez eu tenha tido essa sensação por não ter lido outros livros dele, pois me parece que existe ligações entre eles. Ou talvez por ter conhecimento mitológico e não ter sido surpreendido pelas variações de nomes e atitudes de personagens - o que me fez ficar mais interessado pelos "vilões" modernos. Então, leia os livros de Gaiman em sequência.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Cinco

2013 não tinha sido bom. E 2014 também não foi (como eu já esperava). Ponto final. Por aqui só consegui fazer 27 postagens em todo o ano, sendo que nem 1/4 foram verbetes mitológicos. Não sei como será o ano do Carneiro, de Marte e de Ogum. Só espero que melhore um pouco para que eu possa aparecer mais por aqui. Penso até em mudar algumas coisas... como fazer verbetes mais curtos e ir atualizando com o tempo... mas ainda não sei. Enquanto isso, a página no Facebook está ativa, compartilhando algumas coisas interessantes tanto do blog quanto de outros. Que os deuses estejam conosco!

sábado, 25 de outubro de 2014

Quem disse que a Justiça é cega?

Vejam que interessante: no Palacio de la Justicia em Valparaíso, no Chile, a estátua de Têmis, deusa grega da justiça e imagem icônica, não está vendada e nem utiliza a balança para pesar, como se não só enxergasse tudo como se soubesse exatamente como resolvê-los.


Será que lá funciona assim mesmo?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Ainda na expectativa da lenda

Sinceramente... pra falar do filme em si, acho melhor que vocês leiam as críticas do Hollywoodiano e do Omelete. O Hollywodiano deu nota 1 e o Omelete deu nota 3. Dou 2, então, porque minha opinião cinematográfica é um misto das duas.

Depois da insanidade que já fizeram este ano, Dwayne Johnson resolveu fazer o filme da sua vida: transformar Hércules num herói real. Por isso, como esse site é de mitologia, ficou por um triz fazer qualquer avaliação de Hércules (Hercules, 2014), que busca tirar qualquer vestígio mitológico da história.

Bom... se você é fã de mitologia, veja somente os primeiros minutos do filme. Tem algumas coisinhas aqui ou ali a se questionar, mas você verá as cobras a mando da vingativa Hera que o herói mata na infância. Verá o Javali de Erimanto, a Hidra de Lerna e o famoso Leão da Neméia. Durante o filme, serão citados os outros trabalhos e até Cérbero aparece. Mas entenda desde já: é tudo sugestão psicológica. Nesse filme, Hércules é um mercenário que – mesmo com sua força descomunal (divina ou não?) – tem uma equipe que o ajuda sorrateiramente a resolver os problemas (os créditos finais mostram como) e faz bastante propaganda sobre seus feitos "divinos".

Contente-se com isso...

Não tenho nenhuma referência dessa "realidade" do herói. Sei que o filme foi baseado na HQ The Tracian Wars, the Steve Moore, mas não sei ela foi embasada em alguma documentação histórica factível. De sua equipe, todos os personagens existem na história mitológica:
  • Autolicus (Rufus Sewell) foi um guerreiro e semideus, filho de Hermes;
  • Atalanta (Ingrid Bolso Berdal) foi uma poderosa caçadora, dita como a única mulher entre os Argonautas (by the way: perfeita para o papel de Mulher-Maravilha ou da amazona Ártemis que já tomou o lugar da super-heroína amazona dos quadrinhos);
  • Anfiarau (Ian McShane) não era exatamente um guerreiro, mas sim o adivinho abençoado pelos deuses.
  • Tideu (Aksel Hennie) não era um selvagem mudo, mas um guerreiro que participou de Guerra de Troia e chegou a ser um príncipe em Argos.
  • Iolaus (Reece Ritchie) realmente é sobrinho de Hércules e também o ajudou em alguns de seus famosos trabalhos, mas não como contador de histórias e sim como um esperto escudeiro.
Dos outros personagens, Lorde Cotys (John Hurt) pode ter sido inspirados nos dois reis homônimos da Trácia, assim como Rhesus (Tobias Santelmann) também foi um rei trácio (sem ligação com centauros...). Mas é Euristeu (Joseph Fiennes) o mais importante deles por ser o mandante dos Doze Trabalhos do herói. (SPOILER) Ele não foi o responsável pela morte da família de Hércules, mas inspirado por Hera, o obrigou a pagar por seus crimes.

Então, se você não quiser ver esse filme no cinema ou esperar passar na TV, veja o trailer abaixo que praticamente dá uma ideia no filme (tirando algumas cenas e efeitos que não aparecem).


Por que não fazem o filme mitológico num mundo onde hobbits são sucesso de bilheteria? Será que Doze Trabalhos são muitos para 2h de cinema e precisariam ser uma trilogia ou um filme para TV em várias partes? Será que não podem nem fazer a versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, que me fez amar ainda mais a mitologia?

Minha expectativa por algo decente do herói me estimulou a finalmente escrever a postagem sobre ele neste blog. Aguardem.

domingo, 31 de agosto de 2014

Juro que vi!

“Essa história aconteceu numa noite de lua cheia. Uns diz que é superstição, coisa da roça, mas otros diz que não, que isso aconteceu. Quem teve lá me contou essa história assim. E disse: ‘Juro que vi!’“
É assim, como se estivéssemos ouvindo uma história à beira da fogueira, que começa o primeiro vídeo da série Juro que vi, sobre o Curupira. Ao todo são cinco curtas de animação, produzidos pela MultiRio – empresa de multimeios do Rio de Janeiro ligada à Secretaria Municipal de Educação – entre 2003 e 2009, que contam a história de personagens icônicos do folclore brasileiro. Além de retratar as lendas nacionais, os vídeos também mostram uma preocupação com toda a parte ambiental, de preservação da fauna e flora, além de questões relativas a cidadania.

O CURUPIRA


O BOTO


O SACI


O MATINTA PEREIRA


A IARA


Excelentes vídeos para a garotada!

sábado, 23 de agosto de 2014

Curupira

Ilustração de Rafamarc
O Curupira é uma entidade protetora das árvores e da caça, senhor dos animais que habitam a floresta. Antes das grandes tempestades percorre a floresta batendo nos troncos das árvores certificando-se de sua resistência e avisando aos animais para se abrigarem. Assemelha-se em suas atribuições à Diana dos romanos e à Ártemis dos gregos, protetoras dos bosques e da caça, inclusive fazendo parte do cortejo lunar ao lado do Saci, do Boitatá e do Uratau.

Seu nome vem do tupi curu, menino e pira, corpo: corpo de menino. É mais conhecido por esse nome na Amazônia, no Maranhão e no Sudeste do Brasil, exceto Espírito Santo. Entidades semelhantes são conhecidas como Caapora ou Caipora, no Nordeste do Brasil e Espírito Santo; Kilaino, no Mato Grosso; Maguare, na Venezuela; Selvaje, na Colômbia; Chudiachaque, no Peru; e Kaná, na Bolívia. Também guarda semelhanças com o mito eslavo do Leshy.

Gravura de Ernst Zeuner, 1963.
Entre os mitos brasileiros, o Curupira é incontestavelmente o mais antigo, possivelmente legado pela população primitiva que habitou o Brasil no período pré-colombiano e que descendia dos invasores asiáticos, tendo passado dos Nauas aos Caraíbas e destes aos Tupis e Guaranis. A mais antiga menção de seu nome foi feita pelo padre José de Anchieta, quando ele escreveu sobre os medos "indígenas", em carta de 30 de maio de 1560:
"É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios que os brasis chamam de Curupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhe de açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhas disto os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume das mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras coisas semelhantes, como uma espécie de oblação, rogando fervorosamente aos Curupiras que não lhes façam mal."

Por ser um mito difundido pelo Brasil inteiro e por parte da América do Sul, suas características físicas variam bastante. Porém, é comumente representado como um moleque (ou um anão) de cabeleira ruiva (vermelha ou alaranjada), orelhas pontudas, dentes verdes, pés invertidos: dedos para trás e calcanhar para frente. Às vezes, sua pele também é descrita como esverdeada e seu cabelo como fogo. Em alguns casos, é calvo, em outros, tem um casco de jabuti. Em algumas regiões do Norte brasileiro, o Curupira não possui órgãos sexuais e possui dentes azulados.


O Curupira gosta de sentar na sombra das mangueiras para comer os frutos. Lá fica entretido ao deliciar cada manga. Mas se percebe que é observado, logo sai correndo, e numa velocidade tão grande que a visão humana não consegue acompanhar. Costuma encantar crianças pequenas para morar com ele nas matas. Após ensinar os segredos da floresta por sete anos, devolve os jovens para a família.

No entanto, não tem um gênio bom e é também chamado de espírito da mentira. Seus pés virados deixam rastros falsos no chão, iludindo viajantes e caçadores. Também os confunde com assobios e sinais falsos até eles se perderem. Persegue, tortura e pode até matar os caçadores que atiram em animais sem necessidade ou animais em procriação e amamentação. Quando não morrem, ficam abobalhados para sempre. Lenhadores que derrubam árvores de forma predatória também são alvos de suas travessuras.

Pode, contudo, ter contatos amistosos com alguns caçadores, dando-lhes armas e transmitindo certos segredos que, quando revelados, são fatalmente punidos. Isto é feito em troca de comida ou presentes, como fumo e pinga, porque, na verdade, era bem fácil distrai-lo. Para conseguir fugir dele é só fazer um novelo de cipó bem emaranhado e esconder a ponta de forma que o Curupira não a consiga achar. Por ser muito curioso, o Curupira se esquece de seu alvo e fica tentando desemaranhar o novelo.

NUNCA ESQUEÇA UMA CONDIÇÃO...
Uma história conta que o Curupira resolveu comer o coração de um caçador que havia matado um macaco. O esperto caçador entregou ao Curupira um pedaço do coração do macaco, que provou, gostou e quis comer tudo! Pensando em se safar o caçador disse que só daria tudo se o Curupira desse um pedaço de seu coração para ele. Como a entidade acreditara que tinha comido o coração do caçador, pegou uma faca, enterrou em seu peito e tombou sem vida.

O caçador disparou, então, pela floresta e prometeu a si mesmo nunca mais voltar. Durante um ano, não quis saber de entrar na mata, dizendo que estava doente quando lhe perguntavam por que não saía mais da aldeia. Até que sua vaidosa filha pediu o mais diferente colar já visto e o caçador pensou que os dentes do Curupira dariam uma bela joia. Partiu para a floresta e encontrou o esqueleto do gênio encoberto por mato no mesmo lugar onde havia morrido com os dentes verdes brilhando como esmeraldas. Começou, então, a bater com ele no tronco de uma árvore, para que se despedaçasse e soltasse os dentes. Imaginem a sua surpresa quando, de repente, o Curupira voltou à vida! Exatamente como antes, como se nada tivesse acontecido! Por sorte, o Curupira acreditou que o caçador o ressuscitara de propósito e lhe deu um arco e flecha mágicos que nunca errava o alvo. Porém, tinha uma condição: jamais alvejasse uma ave ou animal que estivesse em bando, pois ele seria atacado e despedaçado.

Mesmo sem o colar, o caçador voltou à tribo se sentindo poderoso. Nunca mais faltou caça para a tribo. Por onde passava, era olhado com respeito e admiração. Até que o orgulho o fez esquecer da única condição dada pelo Curupira e flechou um pássaro voando em bando. Imediatamente foi atacado pelo bando enlouquecido e estraçalhado pelos pássaros. Com pena daquele que o ressuscitara, o Curupira arranjou cera derretida e colou os pedaços do caçador, devolvendo-lhe a vida. O gênio avisou que essa seria a única vez que ele poderia ajudá-lo e ele nunca mais poderia beber ou comer coisas quentes para não derreter a vela. Feliz e agradecido voltou para a aldeia sem nada dizer e levou uma vida normal durante muito tempo. Até o dia em que sua mulher preparou uma comida tão apetitosa, que ele não aguentou esperar esfriar e acabou derretendo por inteiro.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Mês do folclore

Selos comemorativos emitidos em 2011. Tem Curupira,
Mãe-do-Ouro, o Boto e a Mula-sem-Cabeça.
Todos os povos possuem suas tradições, crenças e superstições, que se transmitem de geração em geração através de lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, idiomas e dialetos característicos, adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo. A Unesco declara que folclore é sinônimo de cultura popular e representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, que precisa ser bem administrada como herança cultural.

E agosto é dito como o mês do Folclore, sendo dia 22 seu dia comemorativo. Então, veja AQUI um pouco mais sobre a mitologia do nosso país, que faz parte de nosso folclore. Tem a Iara, tem Jaci e o nosso famoso Saci, além de muitos outros.

A Folha de São Paulo já publicou matérias sobre o assunto com vários outros personagens que disponibilizei AQUI e AQUI. Maurício de Souza também andou fazendo uma publicação sobre o folclore nacional que mostrei AQUI e talvez ainda seja encontrada em bancas.